@knup: ética, estética, política. Muito mais que divulgar bandas, projetos, gigs, lançamentos de cds, vinis, tapes, vídeos, livros etc., esse zine foca na vida! Em relação ao que ela pode e não ao que ela deve. Como o punk/metal/noise underground d.i.y atravessa nossos corpos? Como nos toca e nos move para diferentes territórios? Vidas que se cruzam, vidas que se fabulam...
quarta-feira, 1 de agosto de 2018
Expurgo - Deforming Europe Tour / 2018
Abaixo seguem algumas fotos e um breve, porém potente
e empolgante relato da tour europeia da banda Expurgo. O mesmo foi escrito pelo vocalista da banda Egon Dias. Valeu pelo apoio meu amigo e vida longa ao matador Expurgo.
Sobre a Deforming Europe Tour
/ 2018 do Expurgo, pra nós foi algo muito marcante e especial. Foi nossa
primeira vez fora do Brasil, estávamos nos preparando pra caralho pra fazer
esse rolé acontecer e tudo deu muito certo. Foram 8 shows e um giro numa
porrada de lugar foda, que fechou com a nossa participação no Obscene Extreme
Festival, evento de uma puta relevância para o som extremo, em especial o
grindcore. Tocamos em squats e casas de eventos autogestionadas como um
motoclube, tudo muito foda! Começamos em Berlim, no KOPI: ali já foi um choque
de realidade - um squat daquele tamanho, com toda a estética da subversão e a
dimensão da autogestão que exalava por todos os buracos, frestas e portas do
local. Todo mundo bastante atencioso, tocamos no palco maior, o que foi de
fuder, junto com o pessoal do Lobotomia. Passamos depois para Halle, num outro
squat podrasso, numa pegada bem faça você mesmo para tudo, do som ao rango.
Giant, o anfitrião, se tornou um bom amigo. Demos uns rolês pela cidade de
Berlim e Halle, e ficamos de cara com toda a realidade do submundo alemão. Daí,
fomos pra Hannover. Punk ali não é brincadeira: chaos day literalmente, a flor
da pele, conforme é o movimento da cidade. Cenário industrial, vários punks que
vivem a subversão e o caos como essência existencial, sem firulas. Uma ocupação
numa casa gigante, cachorros pra todos os lados, e o local da gig debaixo de um
viaduto de trem, num cenário total Madmax. Foi um dos eventos mais loucos que
tocamos, bebidas extremas, pessoas extremas; instigante e ao mesmo tempo
assustador. Na Bélgica, fomos pra um motoclube, galera bebendo pra caralho, um
som nervoso e pra lá de barulhento rolando, pessoal ponta fina pra caralho. Até
a mãe do brother da organização estava na correria do esquema, foi muito foda.
De volta a Alemanha, em Tubinga, outro squat, no molde youth center, de fuder
tudo tb. Localização central, ocupação de enfrentamento estético e bastante
politizado, com as pessoas que gerem o local amplamente questionadoras e
críticas. Foda pra caralho tb. Além do rango, que foi muito foda! Chegando em
Praga, houve meio que um misto de emoções: a identificação com a cena grinder
do local foi imediata. Emoções em todos se afloraram, só banda foda tocando e
nós ali no meio, experienciando aquilo tudo. Grindcore na alma, as pessoas
exalam metranca em Praga. E o melhor, a cerveja dos caras, de própria produção,
espetacular. Indo para o extremo da tour, chegamos em Cracóvia, na Polônia.
Presença de vários HC´s no local, além de punks e uns headbangers tb. O local
era extremamente propício para o som extremo: apertado, quente pra caralho e
com as pessoas agitando de forma frenética. Animal. Dormimos num bairro de um
antigo gueto judeu, que nos remeteu automaticamente aos cenários da segunda
guerra, com prédios antigos e ruas extremamente escuras. De volta a República
Tcheca, nos dirigimos para Trutnov, para a edição de 20 anos do Obscene Extreme
Festival. Realização de um sonho estar ali. Tudo exalava o grind, da comida ao
lixo, das pessoas ao som. Não tem como descrever, só indo ao local e sacando a
vibe de tudo aquilo. Vimos várias bandas fudidas, trocamos muitas ideias com
todos os tipos de pessoas que estavam ali por um único propósito: celebrar a
música extrema produzida em vários locais do mundo como Brasil, México, Japão,
Suécia, Indonésia, Inglaterra, República Thceca, Espanha... valeu cada
hematoma, cada noite mal dormida, cada arregaço que passamos. Experiência que
jamais vamos esquecer.
Go Expurgo! Na próxima se precisar de roadie ou whatever, não se esqueçam: falo inglês, francês, castellano... und ein bisschen deutsch... :)
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