quarta-feira, 7 de novembro de 2018

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Em tempos de perseguição e censura contra escolas, universidades e professores, segue um ótimo trabalho desenvolvido pelo amigo de longa data Luis Mosh. O Abdução Extrema Zine, sem dúvida, foi e continua sendo uma das melhores publicações independentes já feitas no underground, na minha opinião, claro. Essa edição, a primeira  em versão digital, traz entrevistas com profissionais da Educação de diversas áreas. O interessante é que esses professores  são também pessoas envolvidas com o underground no geral. Além das entrevistas podemos conferir diferentes resenhas de materiais e matérias super interessantes relativas á profissão docente. Não deixe de conferir.






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Entrevista com a banda Exício




Seguindo a maratona de entrevistas, diretamente da minha querida cidade São João del-Rei, segue o papo que bati com o pessoal da banda Exício. Os meninos fazem um um metal/punk pesado, cru e sem frescuras, do jeito que eu amo. 


Saudações meus queridos! Primeiramente quero agradecer pela disponibilidade e atenção. Para começo de conversa, fale um pouco sobre a banda, início, lançamentos, atividades etc?

Fala mano! Agradecemos e ficamos bastante empolgados com esta entrevista!! Bem, o Exício consiste em Mephisto na guitarra e Necroreaper na bateria e vocal. A banda começou no final de 2016, em outubro para ser mais exato. No início a proposta era fazer um Metal/punk sujo e brutal, com influência de gêneros extremos tanto do punk quanto do metal. Em 2017, após ensaiar por alguns meses conseguimos compor material suficiente para uma demo ensaio, que intitulamos de “O último Suspiro da Humanidade”. Já neste ano (2018) houve uma mudança na parte sonora da banda, onde caminhamos em direção ao metal extremo, precisamente influenciado por bandas como Sarcófago, Blasphemy e Morbid. O que redeu uma nova demo, chamada “Mórbida Existência”. Atualmente estamos compondo sons para algo maior, como um álbum ou split, o qual pretendemos lançar ano que vem. Uma terceira demo também é uma opção.

Particularmente gostei bastante da mudança na sonoridade de vocês, pois o som ficou muita mais pesado, cru e seco. Não gosto de falar de evolução, prefiro trabalhar com intensidade, movimentos. Então, foi isso que me afetou. Diga como se deu o primeiro contato de vocês com o underground punk/metal?

Mephisto: Acredito que meu primeiro contato com o underground se deu aos meus 14/15 anos, quando conheci gêneros mais extremos do metal e do punk como o Death, o Black e o Grind. Até então eu escutava Thrash e Heavy, que gostava bastante, ainda gosto. Mas conhecer esses gêneros mudaram a minha perspectiva sobre a música, e alterando assim, a forma como eu a via. Dessa maneira fui adentrando cada vez mais nas profundezas do underground.

Necroreaper: Bom, a música extrema sempre esteve presente na minha vida. Já que meu pai, editor deste webzine, sempre esteve envolvido com o undergorund punk. Então, cresci com ele ouvindo grind/noise/crust, mas foi só na minha pré-adolescência que comecei a me interessar pela música. Comecei escutando HC/Punk e fui começando a apreciar gêneros mais extremos do punk como Crust/Grind/Noise, daí, mais tarde comecei a me interessar também por gêneros extremos do Metal como Black/Death.

Me digam, como vivências diárias, o que vocês acham que podemos experimentar com o undeground punk/metal?

Acreditamos que o punk e o metal é mais que uma mera fonte de prazer auditivo. Percebemos, após conhecer o verdadeiro underground, que também se trata de uma arma e armadura contra o sistema, uma estética da existência que nos permite escapar, contestar e atacar a realidade imposta sobre nós. Vemos o underground como uma simbiose, uma rede de indivíduos. Nele amizades sinceras, solidariedade e uma postura séria frente a realidade não abre espaço para ganância, arrogância, conformismo e pré-conceitos.




Ótimas considerações meus amigos, pena que nem todos vivenciam o mesmo desta forma. O que vocês pensam sobre a importância das vivências undergrounds D.I.Y punk/metal como afetação de si e do outro cotidianamente em termos revolucionários?

Bem, devido as proporções que a sociedade tomou na contemporaneidade com relação à proporção do capitalismo, grandes revoluções, ou revoluções macro se tornam cada vez mais difíceis e improváveis, embora não sejam impossíveis. Mas, por outro lado, as micro revoluções são cada vez mais coesas e necessárias. Acreditamos que é aí que o underground se manifesta, proporcionando sua subversão, e gerando assim um escapismo e uma alternativa ao sistema opressor. Acreditamos que esse seja o verdadeiro significado do faça você mesmo!

Uma pergunta bastante representativa, fale um pouco sobre as influências sonoras de vocês.

Temos influência de vários gêneros extremos, tanto do metal quanto do punk. Entre elas estão bandas como: Bathory, Sarcófago, Blasphemy, Morbid Angel (3 primeiros álbuns), Morbid, Sodom, Slayer (3 primeiros álbuns), Necrobutcher, Fear Of God, Sore Throat, Agathocles, Grave, Archgoat, Havoej, Beherit, Behemoth (Barbacena/ MG), Anti-cimex, Kaaos, Terveet Kädet, Baphomet, Cancer, Mystifier, Autopsy, Bolt Thrower, Celtic Frost, Hellhammer, Venom, Darkthrone, Mortician, Slaughter Lord, Sextrhash, Holocausto, ROT, NOISE, Industrial Holocaust….

Só influências horríveis hahahahah. São João del-Rei sempre foi uma cidade com poucas bandas autorais, no que se refere as sonoridades extremas (grind, death, noise, brutal black metal etc). Tal cenário foi e é praticamente nulo, posso citar algumas bandas e projetos como o Genital Tumour, o Agravantes, o A.V.N e vocês. Somado a isso temos também a existência de poucos eventos e de um público praticamente nulo. O que vocês pensam sobre isso? Vocês acham que tais questões interferem diretamente no envolvimento de mais pessoas com tal cenário e no surgimento de bandas extremas? Como isso afeta, de alguma forma vocês?

Bem, de fato SJDR em termos de bandas e público em relação ao underground e som extremo é escasso. Mas nunca nos importamos muito com isso, pelo contrário, DISPENSAMOS a presença de POSERS. Nossas verdadeiras amizades no underground estão fora da cidade. Acreditamos que se houvesse uma demanda e envolvimento maior por parte da “cena” da cidade existiriam mais bandas “extremas”, porém, dispostas a conquistar fama e inflar seu ego por qualquer meio possível. Mas a ausência de bandas e público nunca nos afetou, sempre estamos organizando algo, e de certa forma ficar abaixo do radar é algo do qual gostamos. Nosso verdadeiro intuito sempre foi fazer som extremo e contribuir com nossa pequena dose de subversão para o underground, não estamos atrás de fama ou dinheiro, isso para nós é um desejo fútil e infantil.

Visual Agression: moda, afirmação, combate? Comentem sobre isso.

Bem, acreditamos que podem ser todos kkkkk. Tudo pode ser capturado pelo capitalismo e transformado em mercadoria, no caso moda. E também acreditamos que seja uma afirmação e combate visto que a luta contra o sistema não se dá só no campo sonoro, mas também no visual!

Atualmente me parece que virou moda usar o termo gig underground por parte de muitas bandas, mesmo as bandas mais pop. Vejo uma grande diferença no que se refere a um show e uma gig, e vocês?

Sim, também percebemos isso. Infelizmente o termo “gig” está sendo extraviado por um grupo de posers (principalmente indies e hipsters, a nova sensação do momento) e usado nada mais, nada menos como um meio de conseguir o tão desejado estrelismo. GIG para nós está totalmente ligado à coletividade e postura do underground.

Sei que vocês são contra bandas covers, quais os motivos de tal boicote?

Nosso boicote não é direcionado a todas as bandas covers, até porque também fazemos alguns covers. Nosso boicote é direcionado aquelas que estão atrás do estrelismo vivendo na sombra de outras bandas, somos contra isso. NO GODS, NO MASTERS!

Punk?

Sonora e esteticamente revolucionário, atitude para toda a vida e todo momento! Mas dispensamos 77, Street e Oi.

hardcore?

Se for o fresco, melódico e comercial tipo Circle Jerks e DK, então, para o inferno! Agora se for Kaaos, Terveet Kädet e similares então aumenta o volume.

kkkkkkkkk. Metal?

Quanto mais extremo e “doentio” melhor. Mas a cena precisa mudar, muito conservadorismo, racismo e pré-conceito. Algo inconciliável a verdadeira natureza contestatória do Metal. Em suma, para nós, é perfeitamente possível escutar som extremo sem ser um extremo idiota! Morte ao NSBM, White Metal e todas as células cancerígenas da cena!!

Pois é meus amigos o que tem aparecido de metal conservador por ai não é brincadeira, decepcionante!!!! Fascismo e metal/punk realmente são bastante antagônicos, no meu humilde entendimento, claro. Diga lá, o que vocês pensam sobre Mp3?




Uma forma de sabotar as bandas mainstream e as grandes gravadoras. Visto que o mp3 potencializou a pirataria, contribuindo assim para prejudicar o próprio capitalismo.

Isso dá pano para a manga eheheh. Por hora, Lembrei de algumas discussões do Hakim Bey. A pirataria, para ele, seria uma tática sócio-política de criação de espaços temporários que abrem levantes contra as estruturas formais de controle. Seguindo, por que ter uma banda com uma sonoridade extrema? Não é bem mais fácil tocar pop, indie, rock, “punk” melódico? 




Bem, acreditamos pelo simples fato de que a música extrema não é tão facilmente digerida como a melódica, pois ela é rápida, ela é obscura. Você realmente precisa treinar seu ouvido para apreciá-la. Logo, o estrelismo é mais facilmente alcançado através do som melódico, o que não quer dizer que bandas pesadas também o alcancem.

Além da banda vocês estão envolvidos com outros projetos ligados ao underground? Comente um pouco sobre como é o cotidiano de vocês?

Bem, estamos sempre adquirindo materiais, lendo zines, organizando eventos ou simplesmente tendo uma boa conversa com alguém dentro do underground. Achamos esse último tão importante quanto fazer nossas músicas.

Na demo “O último Suspiro da Humanidade” podemos atentar para frases como: “Fuck posers, fuck Fascists, fuck nazis, fuck xenophobics, fuck hipster,fuck californian HC, fuck religion and all the others who continues to fuck this world”. Gostaria que vocês comentassem sobre.




Tentamos em poucas palavras expressar nossas ideias sobre música, política... Somos contra o fascismo, racismo, a religião e qualquer forma de dominação ou segregação que o ser humano pode irresponsavelmente conceber. Também quisemos expor nossa oposição à comercialização da música extrema.

Pessoal, mais uma vez agradeço imensamente pela entrevista e disponibilidade. Para finalizar, vocês ficaram sabendo que um imenso meteoro vai cair no planeta terra e destruir tudo, diga os três últimos plays que vocês ouviriam?

Agradecemos imensamente pelo convite e o espaço que você nos ofereceu, abraços e estamos juntos no corre! Kkkkk

Mephisto: 3??? kkkkk Difícil escolher só 3, mas acredito que seria MORBID ANGEL – Altars of Madness, DARKTHRONE- Transilvanian Hunger e BAUHAUS – Bela Lugosi’s Dead
Se conseguisse um tempinho a mais eu escutaria o INRI do Sarcófago e a 9° sinfonia de Beethoven!




Necroreaper: Pergunta complicada Hahaha!!!!! Acho que escolheria Don’t Break The Oath do Mercyful Fate, Hacked Up For Barbecue do Mortician e Under The Sign Of The Black Mark do Bathory.

Adoro todos os discos, vocês realmente estão trilhando um caminho errado ehhehehe. Vida longo ao metal/punk extremo. Exício rules!!!
Imagens: Depressive Noise Records